domingo, 14 de março de 2010

Uma Receita Para Os Dias De Hoje


Triste, amargo e chocante.

São estas as três palavras que me vêem à cabeça quando vejo e ouço todas aquelas notícias que nos traçam um retrato arrepiante de bullying nas escolas do nosso país. É importante ter em conta que neste momento é um assunto que faz manchete nos jornais diários desta pequena e (grande) nação. Sinceramente, fico contente quando percebo que são cada vez mais aqueles que conhecem esta"nova" palavra estrangeirista. É uma palavra diferente, é! Torna-se necessário que ninguém fique indiferente à dita diferença.
Como gosto de coisas diferentes, vou aligeirar este assunto (não minimizando o seu grau de gravidade e importância) e sugerir aqui uma receita de um “bolo” inspirada não no Jamie Oliver mas nas notícias de jornais que leio. Vejam lá se o conseguem fazer, não deve saltar nenhum passo nem convém faltar nenhum ingrediente. É certo que se algo faltar, há sempre um mini mercado aí ao fundo da rua, ao lado da farmácia. Aponte num papel, aliás, no Word.

Ingredientes:


Escolas Degradadas (não procure muito, ao virar da esquina há uma)
3500 casos de violência
1400 comunicações de actos de "bullying"
Uma dúzia de laboratórios sem reagentes (não vá a escola rebentar)
Ovos e farinha usados pelos alunos para premiar algum felizardo que faz anos
Alteração de horários, principalmente a meio do 2º período q.b
Normativos do Ministério da Educação (via Internet - qual facebook qual quê, o primeiro site que qualquer aluno abre é mesmo o www.min-edu.pt)
Bastantes quantidades de greves da função pública
Cabulas e faltas disciplinares a gosto


Modo de Preparação:


Misturam-se todos os ingredientes, cuidadosa, sistémica e sistematicamente.
Dos ovos, aproveitem apenas as gemas. Batem-se bem até "assumirem" a consciência, digo, consistência desejada, ou seja, até ficarem bem presos à "colher de pau".
Em seguida, juntam-se as claras "batidas" em castelo (...ou será em blocos?) para tornar o "bolo" mais "flexível". Enquanto vai fazendo isto, coloque no forno, de uma qualquer escola técnico-profissional, a aquecer, lentamente, pois a mistura deverá resultar de "pancada da certa" leve e suave durante anos. Quando tudo estiver como manda a teoria, leve o "bolo" ao forno, que entretanto já deverá estar "quente" o suficiente, e aguarde - já me esqueci do número de anos - Mas ... Aguarde, pois não consta que psicólogos, pedopsiquiatras e directores de escolas sejam uma espécie em vias de extinção. Retire o "bolo" do forno (se este ainda existir), deixe arrefecer, de preferência numa escola onde existam bastantes correntes de ar ou falta de aquecimento e, em seguida, corte pequenas fatias que distribuirá por cada um dos intervenientes da "comunidade educativa".


Que tal? O paladar não é do seu agrado? Então não se martirize! Tenho a certeza que não se enganou em nenhum ingrediente nem em nenhum dos passos na sua preparação.


Se não gostou, o que fazer?
Deite, então, este "bolo" ao lixo… mas espere, haverá "reciclagem" apropriada?

Um silêncio, uma energia

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